Fala!

Tu tens grandes projetos, planos, ambições. Mas estás sempre meio ficando para trás, meio deixado de lado, meio te sentindo irrelevante. Tu sabes que tem boas ideias, e sentes que tem algo a dizer de interessante, mas tua boca tá sempre fechada, e teus pensamentos estão sempre guardados. “Um dia”, “logo logo”. E o dia não chega. E a boca não abre.

E o sentimento sempre te acompanha: “minha hora ainda vai chegar”. Mas os minutos vão passando, as horas se sucedem, os dias viram noites. Tu te empolgas com alguma novidade, com um trabalho novo, com a agitação de qualquer começo. E logo, descobres, era fogo de palha. O tesão sumiu, e ficou só mais uma coisa começada. E a sensação de que tu podias ter feito mais.

Podias? Por que não fizeste?

Por causa do DSM. Por causa do burnout. Por causa do capitalismo. Por causa do Lula. Por causa do teu pai que sumiu. Por causa da tua mãe que não desgruda. Porque isso não é pra ti. Porque tu não pertencia ali. Porque deu preguiça. Porque você não consegue firmar com ninguém. Porque teus filhos te odeiam. Porque a faculdade te consome. Porque tu não és homem suficiente. Porque isso não é coisa de mulher. Porque… porque…

Tu continuas te surpreendendo com o quanto tu trombas com isso, toda vez, a cada esquina que tu viras. Pior que cobrador de dívida, isso não sai da tua cola, parece teu destino. Parece teu karma. Parece que os astros estão contra ti. E ai de quem duvidar.

Até quando?

Sai dessa. Sai dessa! Tu podes mesmo muito mais. Muito do que te acontece não é tua culpa, mas tá na tua mão fazer qualquer coisa com isso. Construir tua própria história com isso. Essa história que tu repetes de ti mesmo não te favorece, porque não é tu que a contas. Larga esse osso e deixa disso. Olha pra ti, olha pra dentro de ti. Cadê tu? Sai de trás disso que te esconde e aparece! O que te segura? O que te impede de começar a contar outra história de quem tu és?

O que te impede? Fala!