Você se sente invisível.
Sensação mortificante de que ninguém lhe vê, de que ninguém sabe de você, de que ninguém conhece sua verdade. Você se percebe andando pela rua, se percebe trabalhando, se percebe conversando com pessoas, familiares, amigos, e os olhares lhe atravessam, como se ali onde você deveria estar não houvesse nada.
No entanto, as pessoas estão ali, o trabalho existe, os caminhos são percorridos. De onde essa sensação vem? A que ela responde? Você se percebe evitando pensamentos, sentimentos, desejos. Você vê sua vida diminuindo, perdendo a graça. Os amigos estão distantes, o trabalho está desinteressante, o brilho nos olhos não existe mais.
No espelho, aquela imagem parece borrada, errada. Você se dá conta que nem você se enxerga mais. Você desapareceu, e tudo que sobrou foi uma sombra. Se havia uma verdade para ser conhecida ali, se havia algo para ser sabido daquela pessoa, se havia alguém para ser visto, sumiu. Você se tornou invisível para si mesma.
O baque. O fundo do poço.
A reação.
Você decide mudar, se reencontrar consigo mesma. Voltar a se enxergar. Não é simples. É necessária muita ajuda, muito companheirismo, muita terapia. É preciso encontrar um lugar em que você se sinta segura. É preciso deixar para trás certos hábitos, encarar alguns incômodos. Lugar comum é falar sobre “zona de conforto”, mas se se aplica, por que não?
O risco é grande, e a vontade de desistir sempre ronda. Mas um dia, acompanhada de velhos amores e novas amizades, você se percebe num lugar antigo de uma maneira nova. Olham pra você e isso lhe provoca angústia: você foi vista. Da morte simbólica da invisibilidade à angústia de ser vista, fica evidente que algo novo se anuncia.
Deixe um comentário