Sonhos

É preciso sonhar. No entanto, se vê hoje em dia uma quantidade enorme de pessoas que reclamam: não consigo dormir. Não tem sonho sem sono, né, e aí a gente já percebe que o mundo está cheio de gente que também não sonha. Gente que abandonou seus sonhos.

É com você que estou falando? Espero que não. Sonhar é importante, e faz tempo que a gente sabe disso. Tanto que sonhar nem significa mais só aquela experiência durante o sono, em que imaginamos (alucinamos?) que estamos vivendo coisas, muitas vezes absurdas, para depois acordar e descobrir que era só sonho. Sonhar ganhou status de querer, ansiar, desejar muito alguma coisa. Já parou pra pensar no porquê disso?

Eu tenho uma relação antiga com sonhos. Aliás, um fato sobre mim: me aproximei da psicologia e consequentemente da psicanálise por causa de um sonho (desses do sono, não do outro tipo). Olha aonde isso me trouxe. E tem gente que não dá valor para seus sonhos. “Só sonho um monte de coisa maluca” ou “só sonho um monte de coisa boba”. Queria ganhar um sonho para cada vez que escuto isso. Falo agora, claro, dos da padaria.

Gente, sonho é importante. Se justamente quando a gente dorme, desliga do mundo, apaga os sentidos quase que completamente, a gente ainda sonha, é porque tem alguma coisa aí né, cara pálida. Qualquer neurocientista, ou o ChatGPT, pode te dizer das funções que o sonho tem para a memória, para o processamento de emoções e por aí vai.

E se eu tô aqui falando disso, é porque não é só na neurociência, mas na psicanálise o sonho também tem seu valor. Freud chamou o sonho de “via régia” para o inconsciente. Disse também que tem gente que não dorme porque tem medo de sonhar. Será mesmo? Sonho e medo, estamos no terreno dos pesadelos. Outra coisa bem intrigante, se parar pra pensar: produzimos, sozinhos, nas nossas cabecinhas, pesadelos assustadores. Por que raios faríamos isso? E tem gente que prefere ignorar.

E você, tem sonhado? Tem se permitido sonhar? Como você se relaciona com seus sonhos?