Quem é você?
Você sabe responder a essa pergunta?
Em geral, inicia-se com “Eu sou…”. Esse “eu”, que inicia a frase, acredita-se que ele seja estável, constante, e que cabe a nós “descobri-lo”. Algumas pessoas vêm pra terapia justamente para isso: “vim porque não sei quem eu sou”, “vim pra pode ser mais eu mesma”, “estou aqui pra encontrar meu eu verdadeiro”.
Mas será que essa essência, esse “eu” radical e profundo, essa verdade misteriosa sobre nós mesmos existe?
A resposta pode ser complexa. Esse “eu”, com o qual nos identificamos, a psicanálise nos mostra que ele tá mais pra uma máscara, um certo engano com o qual, muitas vezes, nos satisfazemos em alimentar, do que realmente algo essencial. Por isso, a busca por “ser eu mesma” pode ser frustrante.
Nessa tentativa, acabamos por encontrar dúvidas, contradições, incertezas. É como se esse “eu” estivesse sempre num certo desacordo com aquilo que realmente nos move, nos motiva, nos faz querer viver. E tudo bem! É nesse desencaixe que a psicanálise trabalha. Explorando aquilo que contradiz quem acreditamos ser, é possível construir um novo saber e, eventualmente, ser outra coisa.
Em vez de procurar uma resposta definitiva pra quem sou eu, vale mais explorar os caminhos que me trouxeram até aqui, os desejos, os medos e as escolhas que contam minha história. O “eu” pode não ser algo fixo. Mas é nessa fluidez e adaptabilidade que está, justamente, a riqueza de ser humano.
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