Eu estava em busca de um tema sobre o qual escrever. Minha ideia, aqui, é escrever de forma regular sobre assuntos que tenham intersecção com psicanálise ou, de forma mais ampla, que se relacionem com saúde mental. Pretendo também, embora não seja uma regra, que os textos tragam questões cotidianas. É um desafio que me impus. Preferia fazer isso num blog, ou algo parecido: aqui existe uma limitação de tamanho que me chateia. Mas fora daqui vocês não leriam, a moda é o Instagram. Sei porque eu também não leio. Vivemos no Instagram. Pois bem.
Essa introdução já suscita um assunto óbvio: redes sociais. É claro, desde o Orkut nossa vida na internet gira em torno das redes sociais. Os mais novos aqui talvez nem tenham conhecido o Orkut. Os ainda mais novos, nem o Facebook. Me pergunto quando superaremos o Insta. Faz parte, o tempo passa. Mas divago. Redes sociais, como assunto, são um prato cheio para quem quer escrever sobre comportamento e saúde mental. E os psis, claro, assim como eu agora, aproveitam. Pululam nas próprias redes textos denunciando os efeitos nocivos que elas podem ter, e de fato têm, sobre a saúde mental das pessoas.
Sabemos, mesmo quem não é da área sabe, até sobre como nos tornamos dependentes das pequenas doses de dopamina que cada curtida ou outra interação positiva traz, provocando prazer, e sobre como essa dependência nos afasta da realidade e nos mantém refém das telas. Temos consciência da ansiedade que provoca a ideia vendida nas redes de que a vida tem que ser sempre interessante e “instagramável”. Está claro para todos como os algoritmos tendenciosos nos prendem em bolhas ideológicas que nos impedem de ter contato com o diferente, nos tornando intolerantes, além de nos segmentarem, transformando-nos em um grande mercado para a propaganda manipuladora.
(mais…)